sábado, 25 de abril de 2009

Predadores


Todas as pesticidas e todas as drogas já não fazem mais efeito.
As noites e os dias são cinza e o sol já não aquece o suficiente.
A terra cada vez mais seca e fria, o azul do céu pode ser confundido com a paisagem pálida e sem vida dos desertos.
No coração do homem, não há esperança e as crianças se tornam escravas da tecnologia sem vida e corrosiva, criada pelos predadores.
As únicas notícias que temos após um interminável dia de trabalho, são de crimes atrozes que levam um país inteiro a questionar de que lado deve ficar e se vale à pena acordar no dia seguinte.
O que está havendo com as pessoas?
Há milhões e milhões de anos, antes de Cristo, Deus falava mais com os homens.
Foi assim com Moisés, com Elias e com tantos outros.
Será que hoje não existem mais homens de coração puro?
Será que a medida da maldade é a maldade sem medidas?
Ou será que a única coisa que nos resta é esperar pela morte acompanhada por esta profunda solidão que reina soberana em nossos sombrios corações?
Somos vítimas de nós mesmos.
Fomos embriagados pelo mais amargo egoísmo.
Não somos as presas, somos as vítimas.
Somos criancinhas enlouquecidas pela tragédia que fizemos de nossas próprias vidas.
A única coisa que me faria feliz hoje, seria uma boa garrafa de vinho! Talvez duas ou três.
Talvez uma adega inteira.
Não creio mais na pureza das crianças.
Nem no amor materno.
Apenas sei que Deus existe e está completamente triste com o que está acontecendo com os seus filhos.
Ele pode até estar com o grande mal do século, a depressão.
O que fazer para me distrair?
Talvez dizer falsas palavras de amor para alguém ou me refugiar nestas palavras sem sentido e sem maiores emoções que escrevo.
Mas o que fazer se é a única coisa que me resta?
Quem sabe um dia eu escreva coisas alegres.
Belas narrativas de amor.
Um amor que não cabe ainda no coração dos mortais, pois seus corações estão cheios de rancor e hipocrisia.
Acabei de me lembrar que a liberdade foi extinta e a bondade pegou o primeiro trem para o litoral juntamente com a paz.
E o que vivemos hoje não é o que quero que meus filhos vivam.
Melhor nem tê-los se for essa vida que terão, pois os jovens estão perdidos e ninguém tenta ajudá-los.
Muito pelo contrário, querem calá-los e jogá-los ao cárcere.
A moda agora é assassinato.
É pai que mata filho, é filho que mata pai.
Famílias são destruídas por coisas fúteis e banais.
Os modismos baratos que envolvem toda essa geração, não estão mais satisfazem seus corações cansados.
Mas quando eu acordar amanhã, quero comer ovos com bacon no café e um copo bem grande de suco de laranja.
Depois tomarei um banho de banheira e caminharei numa dessas praias bonitas.
Permitirei que a água gelada e cheia de sal purifique meus pés.
Quero estar acompanhada somente por mim mesma.
Não quero estar em outro lugar, apenas ali.
Comigo mesma.
Quero ser minha melhor amiga e apenas pela manhã, não pensar mais em me destruir e nem me convencer de que a felicidade chegará em um desses dias quentes de Céu azul.
Quero só estar bem!
De bem com a vida.
Não me preocupar com os predadores nunca mais.
Vou manter meu coração sempre limpo, com espaço para o bem, apenas pela manhã.
E quanto aos predadores, não pensarei em vingança, apenas que serão vítimas de sua própria ignorância.

J.Z.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Te vejo daqui a 30 anos



"É sério, vou embora.
Seguir minha vida sozinho por um (bom) tempo.
Mas não se preocupe. Eu volto.

Volto a tempo de relembrarmos o presente, e rirmos dele.
Ah sim, principalmente rirmos."

- Victor Guimarães,


- "Lembra quando Eu avisei a todo mundo que ia embora e ninguém acreditou?"
- "(Risos) Claro que lembro. Lembro até das semanas seguintes à sua partida..."
- "E o que aconteceu?"
- "Lembro das expressões de cada um quando você não apareceu mais. Cada um mais incrédulo que o outro."
- "Haha, imaginei que aconteceria isso também."
- "Também? E o que tinha imaginado antes disso?"
- "Que viriam me resgatar em no máximo 3 semanas."
- "Mas foi o que fizemos! Mas depois de 3 anos lhe procurando, ninguém mais quis me ajudar..."
- "Porque não? Não se diziam todos meus amigos?"
- "Sim. Quase todos acreditavam que estava morto ou perdido de vez."
- "Quase todos?"
- "É. Apenas eu e os três não acreditávamos."
- "E porque eles não vieram me procurar junto com você?"
- "Diziam que foi decisão sua, e que se você pretendesse voltar um dia, voltaria."
- "Hmpf! E eles tinham razão, putos..."
- "(Mais risos)... mas porque decidiu voltar justamente hoje?"
- "Haha, hoje foi só o dia em que cheguei. Decidi voltar faz três meses, mas do Tennessee até aqui é meio longe quando não se tem grana, sabe?"
- "(Muitos risos) Mais de trinta anos e continua o mesmo."
- "Não. Pode ter certeza que não."
- "E então, ainda não respondeu porque voltou."
- "Senti saudades. Muitas."
- "Saudades de quê?"
O beijo respondeu por mim.

Depois de alguns minutos abraçados, ela continua:
- "Não me contou o mais importante ainda."
- "O porquê de ter partido?"
- "Exatamente."
- "Minha vida estava resumida em conversas de internet, tardes jogadas na cama, noites que só acabavam às 05h da manhã e não conseguia nem escrever sobre isso."
- "E porque trinta anos, se já sabia que eu te amava?"
- "Porque ainda não amava nem a mim mesmo."